O Sabin realiza mais uma edição do XIX Festival Sabin de Teatro, evento que celebra a expressão artística e o protagonismo dos estudantes. A partir do dia 4 de novembro, sete espetáculos autorais, criados e encenados pelos próprios alunos, ganham o palco após um ano inteiro de preparação e dedicação.
As apresentações contarão com sessões especiais para pais e convidados, além de sessões abertas a toda a comunidade escolar. O evento acontecerá no Anfiteatro Picasso, conforme programação disponível abaixo:
Sessões: 18h30 e 20h30
28/10/2025 – Terça-feira
6º e 7º anos – O fantástico mistério de Feiurinha
E se uma história deixar de ser contada, o que acontece com quem vive dentro dela? Foi assim que as princesas dos contos de fadas perceberam que havia algo errado. Entre coroas e castelos, faltava um nome: Feiurinha.
Ninguém mais lembrava de sua aventura. E o esquecimento é o maior inimigo da fantasia: sem memória, uma princesa desaparece, e junto dela, a própria magia. Para salvá-la, não bastam espadas ou feitiços. É preciso o poder da palavra. É preciso que um escritor devolva a Feiurinha o que lhe foi roubado: sua história.
Este espetáculo é uma adaptação da obra de Pedro Bandeira e nos convida a refletir sobre a força da imaginação e o valor de preservar nossas narrativas. Porque cada conto esquecido é uma vida perdida — e cada vida lembrada é poesia que resiste ao tempo.
30/10/2025 – Quinta-feira
7º ano – O escandaloso teatro das virtudes
Amadeus era um professor que perdera a fé na Justiça e na sociedade. De sua desilusão nasceu o impulso criador: “Ensurdecer a indiferença que encontrara com o grito alerta da presteza! Esmagar a dissimulação das leis com a mão firme da sinceridade!”. Em outras palavras, transformar o desencanto em denúncia.
Por meio de suas mãos de professor, o inconformismo o fez reunir jovens atores e criar personagens, cada qual uma caricatura de uma personalidade, uma figura destacada, um fulano de posses, uma beltrana de famigerada reputação, animais humanizados e humanos animalizados: uma alegoria rica da pobre realidade que ele tanto desprezava. Então, montou um palco nas proporções de uma banca de feira e o instalou no meio da praça. Uma placa chamava a atenção: “Teatro das Virtudes”.
Em cena, tornam-se visíveis, escancarados e escandalosos a corrupção, as trapaças, as mentiras e os vícios de uma cidade fictícia e, ao mesmo tempo, reflexo da nossa. Entre sátira e poesia, humor e crítica, as virtudes aparecem contraditórias, frágeis, ridículas e humanas.
Finalista do Prêmio Jabuti 2014 na categoria Juvenil, a obra de Marco Túlio Costa ganha nova vida nesta encenação, em que o teatro se faz espelho: um espetáculo que diverte, fere e provoca, desafiando o público a reconhecer, nas virtudes representadas, o retrato da própria sociedade.
31/10/2025 – Sexta-feira
Inglês – A Christman Carol
Ebenezer Scrooge is the grumpiest of men, who, for no one’s surprise, despises Christmas. Indifferent to the joys of life, he surrounds himself with accounting books and money. At his side, in the London office, works Bob Cratchit, a poor, loyal, and hopeful employee, father of four children, one being the fragile Tiny Tim.
On Christmas Eve, Scrooge is visited by Jacob Marley, his former business partner, who has been dead for over seven years. Scrooge, condemned for his lack of generosity, warns Marley that there is still hope: three spirits will come to guide him on a journey through the past, the present, and the future and each one will bring with them the truth of time, unveiling to the old man his regrets, the missing present and what waits for him.
Through memories, visions, and omens, Scrooge must confront himself and decide whether there is still time to be reborn. What seemed to be just a quiet night’s sleep becomes a silent trial: a confrontation between shadows and light, between the chains of greed and the freedom of generosity.
This performance is an adaptation of Charles Dickens’s immortal work, written in 1843, which still resonates today as a Christmas carol, reminding us that the holiday cannot be contained by calendars but is revealed in gestures, in the act of sharing, and in the possibility to let the flame of generosity warm even the coldest hearts.
03/11/2025 – Segunda-feira
6º ano – O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá
Era uma vez um gato mal-humorado, solitário e cinzento como os dias de outono. Era uma vez uma andorinha leve, delicada e luminosa como as manhãs de primavera. Entre eles nasceu um amor improvável — tão puro quanto impossível.
O parque, que tudo via e ouvia, transformou-se em palco de encontros e desencontros, sonhos e despedidas. Os outros animais, preocupados em manter a “ordem” e as “convenções”, não aceitaram o inusitado. À Andorinha restou o destino esperado: casar-se com o Rouxinol; ao Gato, a solidão.
E, no entanto, nada termina ali. Porque o amor, mesmo negado, transforma: transforma o mal humor em ternura, o silêncio em memória, a vida em poesia.
Este espetáculo é uma adaptação poética da fábula escrita por Jorge Amado em 1948, como presente para o filho, e que hoje ressoa como um canto universal sobre o amor, a diferença e a delicadeza que resiste ao tempo.
04/11/2025 – Terça-feira
8º e 9º anos – A Revolução dos Bichos
Na fazenda, os animais se cansaram da opressão dos homens. Movidos pelo sonho de liberdade e igualdade, eles expulsam o fazendeiro e proclamam um novo tempo: um tempo em que todos seriam iguais. Mas o que nasce como revolução logo se contamina pelo desejo de poder.
Os porcos, que antes lideravam em nome da justiça, passam a manipular, distorcer leis e transformar o ideal coletivo em tirania. O lema da esperança, “Todos os animais são iguais”, se desfaz, até restar apenas a amarga contradição: “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros.”
Este espetáculo é uma adaptação da obra clássica de George Orwell, um retrato alegórico e implacável da corrupção política, da manipulação da linguagem e do ciclo da opressão. Uma fábula que atravessa o tempo para lembrar que toda revolução, sem vigilância, corre o risco de trair os próprios sonhos que a fizeram nascer.
06/11/2025 – Quarta-feira
8º e 9º anos – Entre as estrelas: a jornada de quem se deixa cativar
Quantos mundos existem? Por quantos planetas pode o ser humano percorrer? Qual é o fim do Universo? Só existiria um? A qual planeta, mundo, universo pertence a escola?
Nesta adaptação inspirada na obra imortal de Antoine de Saint-Exupéry, acompanhamos a chegada de Joana a uma nova escola. Entre colegas presos pelo previsível e pela rigidez da rotina, apenas ela se encanta com os desenhos apresentados por uma professora-aviadora, guardiã da poesia e da imaginação.
Quando o sinal toca, no recreio, o pátio se revela em múltiplos cosmos: cada colega é um reflexo curioso dos planetas visitados pelo Pequeno Príncipe — reis sem súditos, mas cheios de ordenações; vaidosos em busca de aplausos; homens de negócios obcecados por números, imersos em telas ou entregues a rotinas vazias; inteligências artificiais que sabem muito, mas não sabem o que é viver e, muito menos, conviver.
Então, guiada pelas histórias e pelo entusiasmo da professora, Joana descobre que a fábula não pertence apenas a um livro distante, ou a um tempo remoto e esquecido, mas se reinventa no cotidiano ao qual ela pertence. Como o Pequeno Príncipe, ela também encontra sua Raposa, aprende sobre vínculos e descobre que cativar é assumir responsabilidade.
E assim, sua travessia se converte em metáfora do título: estar entre as estrelas é optar por deixar-se cativar, é escolher que a luz da poesia, da amizade e do afeto seja mais forte que as sombras das angústias e dos conflitos da existência.
Por fim, o espetáculo é travessia e revelação: um convite a reaprender a ver com olhos de criança, a resgatar a delicadeza esquecida e a reconhecer que o essencial, de ontem, hoje e sempre, permanece invisível aos olhos.
07/11/2025 – Sexta-feira
Teatro 7 – Ensino Médio – Inventário
Em uma certa rua, de um certo bairro sereno, uma casa. Após anos de distância, seis irmãos retornam ao lugar onde cresceram. Não há recepção, não há festa como tantas de outrora. Há apenas o silêncio desconfortável que ecoa da sala que, por muito tempo, foi palco, esconderijo, altar, testemunha, refúgio, trincheira, labirinto e celeiro de vínculos, histórias e ensinamentos que, mais do que lembranças, se tornaram heranças invisíveis.
Entre paredes caladas, alguns objetos resistiram. Neles repousam as pequenas coisas, as marcas no corpo, os gestos repetidos e as palavras guardadas para a eternidade. São fragmentos de uma vida e de um tempo que ainda pulsam em meio à poeira, às narrativas, aos vínculos e afetos.
Diante desse cenário, resta aos irmãos desapegar para conservar aquilo que importa: eu, eles, nós e tudo o que insiste em permanecer, mesmo quando tudo parece partida.
Inventário é inventar de novo: é a contabilidade delicada daquilo que realmente importa; é transformar restos em memória, memória em cena e cena em permanência.