Notícias

09/12/2019

Maratonas do saber

Com adesão crescente de alunos, olimpíadas acadêmicas têm muito mais a oferecer do que medalhas.

No início de junho, um e-mail do professor Marcelo Resende à Direção e aos coordenadores e assessores de Matemática do Sabin anunciava a boa notícia: os resultados da Olimpíada Canguru de Matemática 2019 haviam chegado. Desde 2013, quando o Colégio passou a inscrever alunos nesta que é a maior competição do gênero no mundo (só no Brasil são mais de 2 mil escolas e 300 mil estudantes), o saldo nunca tinha sido tão positivo. Foram 20 medalhas de ouro, 56 de prata, 73 de bronze e 96 menções honrosas, distribuídas entre alunos do 3o ano do Fundamental à 3ª série do Ensino Médio.

“Foi nosso melhor ano até hoje”, comemorou Marcelo, que, além de dar aulas de Química, tem o cargo de assessorar os alunos nas diversas olimpíadas acadêmicas das quais o Colégio participa. Um trabalho que demanda cada vez mais do professor, já que, assim como as medalhas, a adesão dos estudantes a tais eventos tem aumentado consistentemente. E tem tudo para crescer ainda mais.

Tradição no Sabin, que desde o início estimula a participação nessas competições – principalmente a partir do Fundamental II, quando começam a ser oferecidos os módulos preparatórios extracurriculares –, as olimpíadas
acadêmicas são eventos que mobilizam a escola. Só na Canguru, por exemplo, tomaram parte 1.304 alunos. Tal envolvimento não se explica, contudo, apenas pela chance de ser reconhecido com medalhas; cada vez mais, os estudantes e suas famílias entendem que, além de exercitar e pôr à prova seus conhecimentos – em Matemática, Física, Química, História e até em Neurociência –, competir em olimpíadas traz muitos outros benefícios.

Maria Isabel Fragoso, professora e assessora de História, garante que todo o processo é um poderoso indutor para o amadurecimento dos alunos. Bel foi um dos três docentes que acompanharam duas equipes de alunas do Ensino Médio, em agosto, até a final da Olimpíada Nacional de História do Brasil (ONHB), no campus da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), outra conquista recente do Sabin.

Verdadeira maratona iniciada meses antes, a competição consistiu de seis fases on-line, com provas que traziam questões complexas sobre a história do País, exigindo dos participantes muita pesquisa e capacidade de diálogo. “As provas são bem interessantes, não há alternativas erradas exatamente, mas é preciso escolher a mais correta. Então, os alunos precisam apresentar argumentos teóricos para sustentar suas posições”, lembra Bel. “Além disso, é preciso acessar um conteúdo multidisciplinar, pois as questões envolvem conhecimentos de Língua Portuguesa, Filosofia, Geografia, História, Sociologia, temas ambientais, entre outros”.

Tendo contado inicialmente com a participação de 63 alunos, divididos em 21 equipes, o Sabin terminou conseguindo emplacar duas equipes na fase final da ONHB, em Campinas, de onde voltaram com duas medalhas de ouro. Detalhe: foram duas das únicas três medalhas de ouro entregues a equipes do Estado de São Paulo.

Professor e assessor de Física, Jackson Neo Padilha lembra, também, que as olimpíadas proporcionam, na maioria das vezes, contato com conteúdos e formas de estudo aos quais os alunos só teriam acesso mais adiante, na faculdade. “A Olimpíada Brasileira de Física, por exemplo, exige conteúdos que não fazem parte de um currículo padrão de Ensino Médio, como algumas práticas de laboratório e de experimentação científica, cálculo de desvio de padrão, etc.”, explica o professor.

Essa aproximação com o Ensino Superior ajuda, ainda, a clarear os caminhos e a nortear as decisões de quem está às vésperas de escolher o futuro profissional. “Às vezes, o aluno não está interessado em um tipo de conteúdo, mas o contato durante uma olimpíada acaba despertando o seu interesse”, diz Marcelo Resende.

Foi o caso de Larissa Sibuya, aluna da 3ª série B, que participou da Olimpíada Brasileira de Neurociências (foi a segunda vez que alunos do Sabin disputaram). Ligado ao Hospital Albert Einstein, o evento aconteceu em dois sábados, no início do ano: um ciclo de palestras no primeiro, e a prova no seguinte. Ela lembra que relutou até aceitar o convite dos colegas para participar da competição, pois pouco sabia sobre a matéria. “Resolvi participar sem saber o que esperar das palestras”, recorda. “E tanta coisa interessante e
surpreendente foi tratada ali que a experiência me fez repensar sobre a carreira que gostaria de seguir”. A oportunidade também foi definitiva para Helen Saori, colega de Larissa. “O concurso me ajudou a ter certeza de que, no futuro, serei uma neuropsicóloga”, diz Helen.

Também presentes na Olimpíada de Neurociências, William Liaw e Rubem Alves de Souza Filho, ambos da 3ª série D, concordam que a experiência de participar das competições transformou sua formação durante o Ensino Fundamental e Médio. “As olimpíadas são uma fonte riquíssima de oportunidades de desenvolvimento pessoal”, garante William. “O mais importante é que me fizeram entender a importância do estudo. Até começar a participar delas, a escola representava um espaço para fazer amigos e cumprir obrigações chatas. Devo meu desempenho escolar às olimpíadas”, reconhece Rubem.

Como se não bastasse, recentemente mais um ótimo motivo foi anunciado para os alunos colocarem as olimpíadas acadêmicas no seu radar: a partir deste ano, também a Universidade de São Paulo (como já havia feito a Unicamp em 2018) passou a reservar vagas em alguns cursos – a maioria vinculados às Ciências Exatas e às Engenharias, mas não só – aos medalhistas de olimpíadas nacionais e internacionais. Trata-se de uma nova forma de ingresso a uma das mais disputadas universidades brasileiras, sem a necessidade de passar pelo filtro do vestibular ou do Enem. Neste primeiro ano, a USP está oferecendo 113 vagas em 60 cursos. Mas não será surpresa se, nos próximos anos, também esse número crescer. Aliás, pouco antes do fechamento desta edição, a Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho) também lançou o seu novo programa de ingresso para medalhistas em olimpíadas acadêmicas.