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09/12/2019

Vida de atleta

Alunos contam o que aprendem competindo por clubes esportivos.

“Às vezes, é um inferno”, reconhece Pedro Oliveira, aluno do 9º ano do Ensino Fundamental. “É, você tem de gostar muito, porque são seis dias por semana, três horas por dia, não pode faltar”, concorda Lucas Meneghetti, da 1ª série do Médio. Aluna do 7º ano, Anna Nakashima também admite: “Tem horas que eu penso: ‘Por que estou fazendo isso? Por que não vou embora?’”

E, no entanto, nem Pedro, nem Lucas, nem Anna cogitam seriamente largar os esportes aos quais se dedicam; a Natação, no caso dos rapazes, que fazem parte da equipe do Sesi-SP, e o Vôlei, no caso de Anna, que joga pela Associação Desportiva Classista Bradesco. Para esses e outros alunos do Sabin que integram as equipes titulares de clubes estaduais, a paixão pelo esporte acaba sempre falando mais alto que a dura rotina de treinos e competições. Ou melhor: uma impulsiona a outra.

É uma lição que vale para qualquer pessoa, mas que, para atletas, mostra-se ainda mais evidente: as conquistas mais prazerosas vêm acompanhadas de muito esforço e sacrifício. “Ser atleta é isso, é deixar umas coisas de lado para treinar, para não deixar seu time na mão”, diz Lívia Falbo, colega de Anna no 7º ano do Sabin e no Vôlei do Bradesco (embora em categorias diferentes, por questão da idade). Para elas, festas com amigos e programas familiares são descartados, se necessário, em nome da satisfação de pisar em quadra sabendo-se preparadas e marcar um ponto decisivo. “É uma emoção tão grande que não dá para trocar por nada”, diz Lívia.

“Se você não vai à festa dos amigos, fica triste, óbvio”, diz Felipe Gabriel Haddad, do 8º ano, que joga Basquete no Sabin e no São Paulo Futebol Clube. “Mas, se você for à festa e depois perder um jogo, o peso é bem maior. Você fica dias pensando: ‘Eu podia ter treinado’”.

Mas o senso de responsabilidade não é o único traço de um atleta. Como lembra Lucas Meneghetti, o equilíbrio emocional e a resiliência também saem fortalecidos das quadras. Ou, no seu caso, das piscinas. “Às vezes você treina o semestre inteiro e acontece algo que faz você não chegar ao objetivo; é uma sensação horrível”, diz o jovem. “Mas aí você aprende a lidar com isso. Se nadou uma prova mal, tem outras pela frente”. Companheiro de Lucas no Sesi-SP, Pedro define: “Atleta é aquele que, quando é derrubado, consegue se levantar o mais rápido possível”.

É também, segundo Pedro, aquele que ajuda o companheiro a se levantar. “Mesmo na Natação, não tem isso de ‘o cara’; tem ‘a equipe’. Você chora com os amigos se nadou mal e comemora com eles se o clube vence”, diz o nadador, que viu seu círculo de amizades se expandir graças às competições. “Tenho amigos de Franca, São José do Rio Preto, Argentina”.

Ampliam-se as amizades e a visão de mundo, como nota Lucas Altafini, do 7º ano, que joga Vôlei pelo Centro Olímpico da Prefeitura de São Paulo. “Onde eu treino, tem muitas pessoas de classe mais baixa, e isso ajuda a quebrar preconceitos. A entender que todo mundo é igual, todo mundo quer fazer o que ama”, diz Lucas, que – assim como o outro Lucas, Pedro, Anna, Lívia e Felipe – também ama o esporte, sonha em se tornar atleta profissional e está disposto a dar duro por isso.