Projeto do Fundamental I capacita os alunos a fazer pesquisas com autonomia e senso crítico.
No futuro, quando precisarem aprender sobre algum tema, preparar-se para uma prova ou produzir um trabalho acadêmico, Gabriela Aragoni, Gabriela Lopes, Laura Gaban e Marcela Mizukami terão de fazer pesquisas por conta própria. Nem sempre haverá um professor para indicar o caminho das pedras; elas terão de decidir que respostas procurar, onde poderão encontrá-las, como avaliar a confiabilidade das informações obtidas e o que fazer com elas. Tarefas não tão simples, mas que, ao que tudo indica, as alunas do 5º ano do Fundamental do Sabin saberão realizar.
As quatro já demonstram ter aprendido lições importantes sobre a prática da pesquisa. “Existem sites confiáveis e outros não”, diz Laura, que dá como exemplo de site não confiável a Wikipedia, “porque todo mundo pode mudar as coisas lá”. Sites cujos endereços terminam em .org ou .gov, por outro lado, trazem informações oficiais, de responsabilidade da organização ou do órgão público a que pertencem. Já Gabriela Lopes e Marcela Mizukami, colegas de Laura, notam que nem sempre um único site terá todas as informações desejadas, razão pela qual, como acrescenta Gabriela Aragoni, uma boa pesquisa começa com a elaboração de um roteiro.
Esses e outros aprendizados são fruto de um projeto que o Sabin vem desenvolvendo há alguns anos com as turmas do 2º ao 5º ano, estruturado em sequências didáticas que, progressivamente, demandam maior autonomia
dos alunos na realização de pesquisas. “Nesse nível de ensino, é imprescindível que o professor mostre a eles como se faz esse tipo de trabalho”, diz Adriana Alonso, assessora de Ciências da Educação Infantil e do Fundamental I. “É importante mostrar o caminho seguido, o processo, o que, de certa forma, é até mais interessante que o resultado”.
Em linhas gerais, nos primeiros anos do Ensino Fundamental, as pesquisas consistem em tarefas bem objetivas, definidas pelas professoras, que determinam que perguntas o aluno deve fazer, quem ou que fontes serão consultadas e como devem registrar as respostas. É o caso das várias entrevistas que o Colégio propõe que os alunos façam com seus familiares – Pai, como eram as músicas de carnaval na sua época? Mãe, qual era sua comida favorita quando criança? – ou com convidados especiais, a exemplo do escritor Daniel Munduruku, da etnia mundurucu, que tradicionalmente visita o Sabin para falar com as turmas de 3º ano – Que tipo de brinquedos as crianças indígenas têm? Como são as casas do seu povo?
Também se configuram pesquisas as atividades de consulta a jornais, revistas, livros didáticos, materiais didáticos on-line ou sites selecionados. Mas, num primeiro momento, essas consultas são direcionadas pelas professoras e, em sua maioria, feitas coletivamente pela classe.
Práticas e habilidades essenciais já estão sendo trabalhadas nesse momento, como o registro das respostas obtidas em sentenças completas, que façam sentido mesmo na ausência da pergunta original (afinal, um relatório de pesquisa deve ser lido e compreendido por outras pessoas, além do próprio pesquisador). Ou a diferenciação dos tipos de informação encontrada: em um exercício típico do 4º ano, os alunos são orientados a marcar de amarelo conceitos-chave de sua pesquisa – digamos, “biomas” – e de azul o que seriam exemplos desses conceitos – “cerrado, floresta amazônica, mata atlântica, etc.”.
Mas chega um momento, diz Adriana Alonso, no fim do primeiro ciclo do Fundamental, que os alunos precisam ir “desmamando” da guia da professora. É neste momento que, em vez de indicar diretamente os livros ou sites que
servirão de fontes para a pesquisa, a professora ensina aos alunos como eles podem usar melhor a biblioteca ou os buscadores da internet, como Google ou Bing (contam, para isso, com a ajuda da equipe da Biblioteca e do Laboratório de Informática). Em vez de determinar de antemão que informação os alunos precisam descobrir, deixa que eles próprios elaborem um roteiro com as perguntas que consideram relevantes ao tema.
“Quando chegarem ao Fundamental II, eles já serão capazes de realizar pesquisas de forma mais livre e autônoma”, diz a assessora. Ou, como indica a etimologia do termo pesquisa, saberão “buscar com cuidado”, “informar-se”
e “indagar profundamente” sobre quaisquer temas que precisarem ou desejarem conhecer melhor. Que é o que se espera não apenas de jovens em idade escolar, mas dos indivíduos interessados e críticos nos quais eles vão se tornar em sua vida adulta.
Como se tornar um pesquisador mais criterioso e autônomo:
1. Ter noção do que se procura
Antes de iniciar uma pesquisa, é fundamental definir o que se quer descobrir sobre o tema. Para isso, elabora-se um roteiro com perguntas a ser respondidas.
2. Articular as fontes de pesquisa
Raramente as perguntas são respondidas por uma única fonte. É preciso saber que sites, livros, jornais, etc., consultar e classificar e reunir as informações obtidas em um relatório coeso.
3. Distinguir entre fontes confiáveis ou não
Deve-se privilegiar sites oficiais (.gov, .org) ou de veículos conceituados; em caso de consulta à Wikipedia, checar informações em outros sites.
4. Saber utilizar os buscadores da internet
Saber palavras-chave relativas ao tema e usar aspas (para busca de “expressões exatas”) trazem resultados mais úteis. Também se pode definir o tipo de conteúdo buscado (texto, imagem, vídeo), idioma e data de publicação.
5. Citar as fontes utilizadas
Ao elaborar o relatório resultante da pesquisa, deve-se informar de onde vieram as informações. Em caso de impressos, citar referências bibliográficas; em caso de sites, citar data e horário da consulta.