Em conexão com a natureza

Os visitantes que chegam ao Parque das Neblinas, reserva de Mata Atlântica localizada na Serra do Mar, entre os municípios de Mogi da Cruzes e Bertioga, em São Paulo, são recebidos com copos de suco de cambuci e de suco feito do fruto da juçara, uma palmeira nativa. Mais do que refrescante gesto de boas-vindas, a oferta é ponto de partida para uma experiência de imersão. Um estímulo para que o visitante experimente, ao longo do passeio, as sensações que o contato com a natureza – essa conexão primitiva, do homem com sua terra – pode proporcionar.

Os alunos que hoje estão na 2ª série do Ensino Médio do Sabin passaram pela experiência no ano passado. O lugar é uma das duas opções de saída pedagógica oferecidas às turmas de 1a série, que este ano ocorrerão em setembro. Para qualquer pessoa, porém, é um passeio imperdível. Trata-se da chance de conhecer um bioma ameaçado – a Mata Atlântica –, e o trabalho que é feito ali para conservá-lo, o que envolve não somente pesquisa, mas ações de engajamento com a comunidade local, o distrito de Taiaçupeba, que fica na entrada do Parque.

Com uma extensão de 6 mil hectares, a área abrigou, entre os anos 1940 e 1950, as atividades de uma carvoaria, o que degradou severamente a mata nativa. No fim dos anos 1960, a Suzano Papel e Celulose adquiriu a área para o plantio de eucalipto. Mas características próprias do lugar, aliadas à crescente legislação ambiental, fizeram com que a empresa abandonasse paulatinamente a ideia. “Com o passar dos anos, houve uma regeneração natural muito forte da Mata Atlântica, e a Suzano passou a enxergar outras oportunidades aqui, transformando a área numa reserva”, diz Michele Martins, coordenadora de visitas do Parque.

O Ecofuturo, entidade que administra diversos projetos socioambientais da Suzano, é responsável pela gerência do Parque das Neblinas. Desde que abriu as portas, em 2004, a reserva já recebeu mais de 36 mil visitantes. Para eles, oferece trilhas a ser percorridas a pé ou de bicicleta, canoagem pelo cristalino rio Itatinga, que corta a região, camping e a oportunidade de experimentar delícias nativas, como os sucos e muitos outros quitutes preparados com ingredientes cultivados ali. O cardápio é obra de cozinheiras locais reunidas na empresa Natural da Mata. “Temos a preocupação de envolver a comunidade para aprendermos com ela e para ajudá-la a desenvolver negócios sustentáveis”, diz a coordenadora.

A gastronomia é um dos exemplos dessa troca. Outro é o trabalho de capacitação de mateiros e agricultores locais nas oficinas de manejo ministradas na reserva. Muitos dos participantes acabam se convertendo em guias do Parque. “Valorizamos demais esse conhecimento empírico que eles nos trazem e que complementa as pesquisas que desenvolvemos”, diz Michele.

Neste ano, proclamado Ano Internacional do Turismo Sustentável, eis mais um bom motivo, portanto, para se conhecer o Parque da Neblinas.

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