Ex-alunos relembram os tempos de escola e falam da influência do Sabin em suas vidas.
Letícia se lembra da tinta de jornal nos dedos. Por orientação da professora de Redação, ela e seus colegas liam jornais com frequência – “ela incentivava a leitura, dizia que tínhamos de saber o que estava acontecendo”. Alguns reclamavam de sujar as mãos de tinta, mas Letícia não se importava.
Camila se lembra de ouvir da professora de Química, desde o ano em que se conheceram, o vaticínio certeiro: “Você vai ser química um dia”. Jason lembra quando foi chamado para assinar a primeira seção da revista da escola escrita por alunos, uma prévia do caminho profissional que viria a seguir. André é amigo, até hoje, de colegas de sua pré-escola, mesmo a continentes de distância.
Daqui a uma década, ao conversar sobre os tempos de escola, é provável que os atuais concluintes do Sabin tenham memórias semelhantes às de Letícia, Camila, Jason e André. Memórias de como o colégio do qual se despedem
hoje representa mais do que um lugar de passagem; representa uma base, uma raiz. Um espaço de aprendizados e valores compartilhados, de relacionamentos humanos e sólidos, determinantes para as escolhas futuras – pessoais e profissionais – de cada um.
No início de 2008, a Revista do Sabin estreava a seção Faço MAIS, em que alunos escreviam matérias. À época, o então professor de Judô do Colégio, Paulo Canassa, convidou a judoca Danielle Zangrando – Ouro nos Jogos Pan-Americanos 2007 – para falar aos alunos. Aproveitando a oportunidade, Jason Mathias, aluno da 3a série do Médio, entrevistou a campeã para a publicação.
“Foi uma experiência que me abriu os olhos para muitas coisas”, diz o ex-aluno. “Anos depois, tornei-me repórter esportivo”. Jason cursou Jornalismo na Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Bauru, formando-se em 2013. Pelos dois anos seguintes, foi repórter e apresentador de emissoras afiliadas à Rede Globo no interior de São Paulo. Teve de mudar de cidade por quatro vezes no período. Mas suas viagens estavam apenas começando.
Em 2016, foi um de oito selecionados entre 4 mil candidatos a correspondentes internacionais do SporTV. Como tal, viveu seis meses na Rússia, além de ir à Alemanha, à Islândia, à Suécia e a Portugal, para a cobertura da Eurocopa. Para Jason, ainda não é o bastante. “Espero que a profissão ainda me leve a muitos outros lugares e a conhecer diferentes pessoas. Acho que isso engrandece qualquer um e ajuda a entendermos o mundo além da nossa própria realidade”, diz o repórter, que atribui ao Sabin a “base de conhecimento e a formação como pessoa que me deixaram pronto para viver essas experiências”. E sua próxima experiência acaba de começar. Em novembro, ele mudou-se para a Austrália, para fazer um mestrado em Comunicação e Mídias Digitais.
Camila Bacellar tem bacharelado em Química pela USP, ph.D. pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, onde vivia até agosto, e hoje realiza sua pesquisa de pós-doutorado na Suíça, usando um dos mais avançados laboratórios de espectroscopia ultrarrápida do mundo para entender o que ocorre na matéria, em nível subatômico, quando submetida a radiações eletromagnéticas.
Em 2003, no entanto, ela ainda era uma aluna no último ano do Ensino Fundamental do Sabin – quando as disciplinas de Química e Física entram no currículo – com um interesse evidente pela Ciência. “Eu fi cava animada com as aulas de laboratório, ia para a frente, fazia perguntas”, diz Camila. Para sua então professora de Química, Áurea Bazzi – hoje coordenadora do Ensino Médio –, não havia dúvidas: “Bati os olhos e vi uma cientista nata”.
Áurea tornou-se uma espécie de mentora para a aluna, incentivando Camila a sempre ir mais além nos estudos. “Eu terminava o livro didático e ela me passava outro, com exercícios diferentes”, diz a pesquisadora. Mas não era só Áurea. Para Camila, os demais professores e a atmosfera do Sabin como um todo motivavam os alunos a se esforçarem, criando oportunidades – como as Olimpíadas Acadêmicas, das quais participou – e promovendo um grau de autonomia na forma como cada um conduzia seus estudos. “Se você mostrava que tinha interesse e maturidade, eles confiavam. Se eu faltasse um dia do Módulo, eles sabiam que havia uma boa razão”.
Hoje, Camila segue demonstrando vontade e iniciativa: “Quero ter meu próprio grupo de pesquisa: definir um campo, liderar uma equipe, captar recursos”.
Quem ouve Letícia Mininel falar sobre o tempo de escola tem a impressão de que ela era uma jovem tímida, mais afeita à leitura do que a atividades que a colocassem no centro das atenções, como o Teatro ou o Coral. Tendo maior predileção pelas disciplinas de Humanas, recorda de maneira elogiosa as então professoras do Sabin Lélia Teixeira e Marta Rovai, que lecionavam Literatura e História, respectivamente, além de Denise Masson, de Redação, que ainda hoje insiste para que seus alunos leiam jornais e se mantenham informados.
Em 2006, Letícia foi aprovada nos cinco vestibulares de Direito mais concorridos do estado: USP, FGV, Unesp, Mackenzie e PUC (Pontifícia Universidade Católica). Escolheu a primeira, a tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, que no último dia 11 de agosto completou 190 anos.
Em meados de 2011, ano em que se graduou, Letícia foi aprovada no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e iniciou um estágio no escritório de advocacia pelo qual, já no ano seguinte, foi contratada e do qual é sócia desde setembro de 2013. Sem perder seu interesse pela trajetória acadêmica, também em 2013 foi aprovada para ingresso no programa de pós-graduação da São Francisco. Em abril deste ano, alcançou o título de mestre em Direito Civil pela instituição.
Declarando-se apaixonada pela carreira de advogada e demonstrando não lhe faltar desenvoltura argumentativa, aquela aluna tímida, hoje, ressalta que “o contato com o Poder Judiciário exige habilidade, não apenas para expor a causa e convencer o julgador a respeito de seu direito, mas também para cativar a atenção de juízes que lidam com uma quantidade cada vez mais absurda de processos”. Para Letícia, o desenvolvimento dessa aptidão deve se muito à educação oferecida pelo Sabin, cuja “qualidade e diversidade foram essenciais para minhas conquistas acadêmicas, profissionais e pessoais”.