Intimidação sistemática. O termo foi usado pelo Governo Federal para se referir ao mais conhecido bullying, na lei, de novembro de 2015, que instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática no País. Mais precisa e clara do que seu correspondente em inglês, a expressão é um primeiro passo para uma reflexão sobre o assunto.
Em primeiro lugar, “intimidação sistemática” desfaz a falsa noção de que qualquer conflito na escola pode ser considerado bullying. Não pode. Bullying é uma agressão repetitiva, intencional – sistemática, portanto – e entre semelhantes.
Em segundo lugar, entendemos que situações de bullying entre crianças e jovens devem ser vistas como questões fundamentalmente educacionais. Problemas sérios, sem dúvida, mas também oportunidades de aprendizado para as partes envolvidas, que estão em processo de formação ética, emocional e social.
O combate ao bullying e à violência pressupõem ações preventivas e restaurativas. Por isso, eleger um dia ou uma semana para esta reflexão é uma ação importante para a tomada de consciência sobre o problema, mas não basta. A prevenção ao bullying demanda um trabalho de formação moral que deve ser desenvolvido continuamente, ao longo de toda a vida escolar.
Nosso compromisso, portanto, como educadores e pais, é ensinar os valores que desejamos que sejam assumidos pelas novas gerações, mas é, principalmente, sermos modelo desses princípios. A educação para a convivência ética é uma grande responsabilidade que família, escola e sociedade compartilham e só pode ser concretizada pela vivência dos valores que a sustentam e pela reflexão sobre seu significado.
Ensinar valores como o respeito ao outro, promover autoestima e autonomia emocional, estimular a participação crítica em sociedade; tudo isso são objetivos de uma educação humanista, como a que promovemos no Sabin. Mas não devem transparecer apenas na intervenção sobre conflitos já estabelecidos. São objetivos que, sobretudo, devem permear o dia a dia da escola, nas relações entre alunos, colegas e professores; como conteúdo trabalhado transversalmente da Educação Infantil ao Ensino Médio, ou em projetos específicos sobre cultura de paz e diversidade; e, principalmente, na manutenção de um ambiente acolhedor e respeitoso.
Esta é, por fim, a principal tarefa da escola no combate à intimidação sistemática, pois estudos comprovam que um bom clima escolar reduz efetivamente os casos de bullying. O que agora é recomendado por Lei, assim, nós praticamos desde o início, buscando promover, diária e sistematicamente, a consideração e o respeito de nossos alunos pela dignidade humana.
Giselle Magnossão
Diretora pedagógica do Colégio Albert Sabin